Genética por Pedro Agapito (1ª parte)

 

 

Apesar de ser um assunto que muitos consideram complicado e de difícil entendimento, isto tem que ser desmistificado.
Nesta primeira fase, vou tentar transmitir os princípios básicos para entendimento do comportamento das mutações das nossas aves, mantendo a informação ao mínimo indispensável, de forma a não gerar confusões.
Esta página de Genética 1ª parte é dirigida a quem queira dar os primeiros passos no entendimento da genética das nossas aves. A linguagem aqui utilizada pretende ser o mais acessível possível, sem preocupações com termos técnicos. Em Genética 2ª parte, a linguagem mantém-se a mesma, mas vou abordar outros aspectos já com alguma complexidade
 
Futuramente espero ter tempo para desenvolver esta área de uma forma mais completa e mais técnica, para os que estiverem interessados em aprofundar este assunto. Para já, tem ao seu dispor uma calculadora genética que é uma grande ajuda para começar a entender quais os resultados que pode obter ao cruzar as suas aves.

 

  • Como se transmitem as mutações:
 
Vamos colocar as coisas da seguinte forma.
Cada ave tem um CÓDIGO.    
Este código é constituído de  DUAS PARTES.          
  • Para gerar uma nova ave, cada progenitor transmite aos filhos UMA PARTE DO SEU PRÓPRIO CÓDIGO.
Portanto, o CÓDIGO da nova ave é constituído de UMA PARTE DO CÓDIGO DE CADA PROGENITOR.
Até aqui tudo simples.
Agora vamos entrar com as mutações.

 

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Introdução e Definição dos Termos Utilizados:

  • Mutação    

Se onde lê “mutação”, pensar em “cor”, é mais fácil de entender do que se está a falar.

No caso dos Roseicollis e dos Forpus, esta analogia funciona perfeitamente, pois as únicas mutações que existem são alterações na cor das aves em relação à cor selvagem.

  • Portadores       ( o símbolo " / " quer dizer "portador de" )

As aves são portadoras de uma mutação, quando não é visível que tenham essa mutação, mas podem transmiti-la  aos filhos. Alguém na “família” dessa ave era de uma determinada mutação, mas a ave só herdou metade do que era necessário para que a mutação fosse visível.

Ou seja, só uma das partes do seu código é que tem a informação sobre a mutação.

  • Psitacina  - Pigmento que pode ser Amarelo, Vermelho, Rosa, Laranja.

  • Melanina  - Pigmento que pode ser Preto, Castanho, Cinzento, Azul.

  • Psitacina (amarela) + Melanina ( azul ) = Ave Verde ( cor selvagem )

É fácil de entender que se tirar a Psitacina a uma ave Verde, ela fica Azul.

Da mesma forma se tirar a Melanina a uma ave Verde, ela fica Amarela.

 

Nota: Nos cruzamentos exemplo, Verde refere-se a uma ave com a Cor Selvagem. A outra ave com mutação, pode ser substituída por uma ave de outra mutação que se transmita da mesma forma.

 

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Tipos de mutações :

 

  • Recessivas

Uma mutação é recessiva, quando é necessário que ambos os progenitores mostrem a mutação ou no mínimo sejam portadores, para que  possam ter filhos com a mesma mutação.

Ou seja, a ave precisa de ter a informação repetida nas duas partes do seu código para que a mutação seja visível.

Se a ave tiver a informação da mutação numa parte do seu código, e na outra parte do código tiver a informação da cor selvagem, a ave será sempre da cor selvagem.

Isto acontece porque a cor selvagem é sempre dominante em relação a qualquer mutação recessiva.

 

Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Verde com Azul.

Dá para ver que não é muito aconselhável fazer casais de portador com portador, porque não irá saber se os filhos que nascem Verdes são portadores ou não da mutação.
  • Dominantes
Uma mutação é dominante, quando basta que um dos progenitores mostre a mutação, para que gere filhos com a mesma mutação.
Ou seja, basta que a ave tenha a informação da mutação numa parte do código para que a mutação seja visível.
No entanto a ave pode ter um factor ( SF ) ou dois factores ( DF ), duma mutação dominante.
Isto quer dizer que a informação da mutação pode estar em uma parte do seu código (SF), ou nas duas partes do seu código (DF).
Em aves com um factor, a mutação apresenta metade da intensidade do que em aves com dois factores, e só se transmite a metade dos filhos.
Em aves com dois factores, transmite-se um factor a todos os filhos.
As aves NUNCA podem ser portadores de uma mutação dominante. Ou têm a cor da mutação ou não têm.
 
Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Violeta com Azul.

Por razões ainda não totalmente esclarecidas, nos roseicollis, com a mutação malhado-dominante as coisas comportam-se de maneira diferente.
Não se consegue perceber se uma ave é SF ou DF.
Sempre que acasala dois roseicollis malhado-dominante, alguns dos filhos serão malhados e outros não. Não conheço até à data nenhum criador que tenha um casal de malhados-dominante em que só tire malhados.
 
  • Ligadas ao Sexo
Esta é das formas de hereditariedade que gera mais confusões.
A diferença de comportamento deste tipo de mutações, deve-se a que a informação da mutação se encontra nos cromossomas ligados ao sexo, que não são iguais nos machos e nas fêmeas.
Imagine que em cada uma das partes do código da ave, estas têm um cromossoma sexual.
Os machos tem um cromossoma X em cada uma das partes do seu código.
As fêmeas tem um cromossoma X numa parte do seu código e um cromossoma Y na outra parte.
O informação necessária para que a mutação seja visível está nos cromossomas X.
Nos cromossomas Y não existe qualquer informação para as mutações.
Portanto o que nos interessa é o cromossoma X.
 
Se uma fêmea, herdar uma parte de um código com um cromossoma X com informação da mutação, a mutação será visível.
O macho no entanto tem um cromossoma X em cada parte do seu código.
Para que o macho mostre a mutação, as duas partes do seu código tem que ter cromossomas X com a informação da mutação.
Se só tiver a informação da mutação em um cromossoma X a mutação não é visível. Aparentemente não faz muita lógica, mas tem uma explicação.
Nas mutações ligadas ao sexo a cor selvagem também é sempre dominante.
Portanto, se o macho tiver um cromossoma X com a mutação, mas tiver o outro cromossoma X com a informação de cor selvagem, terá a cor selvagem.
No entanto como as fêmeas só têm um cromossoma X, se esse cromossoma tiver a informação da mutação, a ave terá a mutação visível porque não tem outro cromossoma X a contrariar que isso aconteça.
Portanto, uma fêmea NUNCA pode ser portadora de uma mutação ligada ao sexo.
Se a informação necessária para que a mutação seja visível está no cromossoma X,  e a fêmea só tem um, ou a fêmea tem lá a informação nesse cromossoma X ou não tem.
Para exemplo utiliza-se o cruzamento de Lutino com Verde
 
Autor:
Pedro Agapito

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